Papa quer ‘pastores, antes que intelectuais’

Publicado em 09/06/2014 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


pastor

‘Que nunca esqueçam Cristo, seu ‘primeiro amor’, afirma Francisco em homilia.

 

“Como vai o primeiro amor?”. Ou seja, estou apaixonado por ti, como no primeiro dia? Sou feliz contigo ou te ignoro? Perguntas universais que, muitas vezes, é preciso se fazer, disse o papa Francisco. E não apenas entre os casais, mas também sacerdotes, bispos, diante de Jesus. Porque é Ele, afirma, que nos pergunta como um dia fez com Pedro: “Simão, filho de Jonas, você me quer?”. A homilia do Papa parte precisamente deste diálogo do Evangelho, no qual Cristo pergunta ao primeiro dos Apóstolos, por três vezes, se lhe ama mais do que aos demais, uma maneira – observa – para voltar a levá-lo ao “primeiro amor”.

“Esta é a pergunta que me faço, que faço aos meus irmãos bispos e aos sacerdotes: como está o amor de hoje, que inspira Jesus? É como no início? Estou apaixonado como no primeiro dia? Ou o trabalho, as preocupações me fazem olhar para outras coisas, e esquecer um pouco o amor? Os casais discutem, discutem. E isso é normal. Entretanto, quando não há amor, não se discute: rompe-se”.

“Nunca se pode esquecer o primeiro amor. Nunca”, enfatiza o Papa Francisco, que ressalta outros três aspectos a ter presente na relação de diálogo de um sacerdote com Jesus. Ser antes de tudo – antes do estudo, antes de querer ser “um intelectual da filosofia ou da teologia ou da patrologia – um pastor”, assim como Jesus pediu a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas”. O resto, diz o Papa, vem “depois”.

“Apascenta. Com a teologia, com a filosofia, com a patrologia, com o que você estuda, mas apascenta. Seja pastor. Porque o Senhor nos chamou para isto. E as mãos do bispo sobre nossa cabeça é para sermos pastores. É uma segunda pergunta, não? A primeira é: ‘Como vai o primeiro amor?’. Esta, a segunda: ‘Sou pastor, ou sou um empregado desta ONG que se chama Igreja?’. Há uma diferença. Sou pastor? Uma pergunta que eu devo me fazer, os bispos devem se fazer, também os sacerdotes: todos. Apascenta. Segue adiante”.

E não há “glória” nem “majestade”, observa o papa Francisco, para o pastor consagrado a Jesus. “Não, irmão. Você acabará da forma mais comum, inclusive, muitas vezes, mais humilhante: na cama, recebendo o que comer, precisando ser vestido… Mas, inútil, ali, enfermo…”. O destino é “acabar – repete – como Ele acabou”: amor que morre “como a semente de trigo e assim verá o fruto. Porém, eu não o verei”. Finalmente, o quarto aspecto, a “palavra mais forte”, aponta o Papa Francisco, com a qual Jesus conclui seu diálogo com Pedro: “segue-me”.

“Se perdermos a orientação ou não sabermos como responder sobre o amor, não saberemos como responder a este ser pastores, não saberemos como responder ou não teremos a certeza de que o Senhor não nos deixará sozinhos. Inclusive, nos piores momentos da vida, na enfermidade, Ele diz: ‘Segue-me’. Esta é nossa certeza. Atrás das pegadas de Jesus. Por esse caminho. ‘Segue-me’”.

Que a todos nós, sacerdotes e bispos, conclui o papa Francisco, o Senhor dê “a graça de encontrar sempre ou recordar o primeiro amor, de ser pastores, de não ter vergonha de terminar humilhados em uma cama ou também mal da cabeça. E que sempre nos dê a graça de ir atrás de Jesus, atrás das pegadas de Jesus: a graça de segui-lo”.

Fonte: Dom Total



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