Papa pela unidade da família cristã: mais solidariedade, menos divisão

Publicado em 18/01/2019 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


O Papa Francisco deu início à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos nesta sexta-feira (18/01) ao presidir a celebração das Vésperas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma. Na homilia, o Santo Padre afirmou que “quando a sociedade deixa de ter como fundamento o princípio da solidariedade e do bem comum”, não partilhando a riqueza, ela se divide.
 

O Papa Francisco presidiu nesta sexta-feira (18), na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, a celebração das Vésperas que deu início à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Esse período ecumênico (que no Brasil acontece entre a Ascensão e Pentecostes) foi preparado pelos cristãos da Indonésia, país conhecido por ter a maior população muçulmana.

Na homilia, o Papa Francisco começou saudando os representantes das outras Igrejas presentes em Roma e na própria Basílica, convidando a “implorar a Deus” o dom da unidade para recebê-la “com coração pronto e generoso”.

Ao comentar a leitura de Deuteronômio, em que indica a celebração das festas da Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos, o Pontífice enalteceu o quanto é importante a participação de todos, que “ninguém pode ficar excluído” e onde “o dom de cada um será segundo a medida da bênção que o Senhor lhe tiver concedido”.

O dom da unidade e da justiça

O Papa Francisco, então, lembrou como a dimensão da festa é ligada àquela da justiça de Deus:

“As próprias festas exortam o povo à justiça, lembrando a igualdade fundamental entre todos os membros, todos igualmente dependentes da misericórdia divina, e convidando cada um a partilhar com os outros os bens recebidos. O dar honra e glória ao Senhor nas festas do ano caminha de mãos dadas com o prestar honra e justiça ao seu vizinho, sobretudo se é vulnerável e necessitado.”

“Se a riqueza não for partilhada, a sociedade se divide”

Ao recordar o trabalho realizado pelos cristãos da Indonésia, ao preparar a Semana de Oração, a preocupação do crescimento econômico do país que acaba gerando muitos pobres e destinando a riqueza a poucos. Uma realidade que não é vivida só na Indonésia, enfatizou o Papa, mas pelo resto do mundo:

“ Quando a sociedade deixa de ter como fundamento o princípio da solidariedade e do bem comum, assistimos ao escândalo de pessoas que vivem em extrema pobreza ao lado de arranha-céus, hotéis imponentes e centros comerciais luxuosos, símbolos de incrível riqueza. Esquecemo-nos da sabedoria da lei mosaica, segundo a qual, se a riqueza não for partilhada, a sociedade se divide. ”

Leis da solidariedade para os cristãos

Francisco, então, comentou que inclusive a comunidade cristã pode cair na lógica de acumular riqueza e se esquecer dos vulneráveis, citando São Paulo ao afirmar que devemos nos ocupar dos menos favorecidos, vítimas dessa realidade, edificando os que são fracos: “a solidariedade e a responsabilidade comum devem ser as leis que regem a família cristã”.

“ É um grave pecado desdenhar ou desprezar os dons que o Senhor concedeu a outros irmãos, pensando que esses sejam de algum modo menos privilegiados aos olhos de Deus. Se alimentarmos tais pensamentos, consentimos que a própria graça recebida se torne fonte de orgulho, injustiça e divisão. E, então, como poderemos entrar no Reino prometido? ”

A festa em que se disponibiliza e se partilha os dons recebidos é também a da justiça que devemos perseguir, disse o Papa. Para seguir o caminho da unidade, em primeiro lugar, devemos “reconhecer humildemente que as bênçãos recebidas não são nossas por direito, mas por dádiva, tendo-nos sido concedidas para as partilharmos com os outros”. Em segundo lugar, continuou o Pontífice, reconhecer o valor concedido às outras comunidades cristãs.

“ Um povo cristão, renovado e enriquecido por essa troca de dons, será um povo capaz de caminhar, com passo firme e confiante, pelo caminho que leva à unidade. ”

 

Veja o vídeo:

Papa Francisco – Celebração das Vésperas 2019-01-18

 

Leia a íntegra da homilia:

 

VÉSPERAS NO PRIMEIRO DIA DA SEMANA 
DE ORAÇÃO PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica de São Paulo fora dos Muros
Sexta-feira, 18 de janeiro de 2019


 

Começou hoje a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, na qual somos todos convidados a implorar de Deus este grande dom. A unidade dos cristãos é fruto da graça de Deus, pelo que nos devemos predispor a recebê-la com coração pronto e generoso. Nesta tarde, sinto-me particularmente feliz por rezar juntamente com os representantes das outras Igrejas presentes em Roma, aos quais dirijo uma cordial e fraterna saudação. Saúdo também a delegação ecuménica da Finlândia, os alunos do Instituto Ecuménico de Bossey que visitam Roma para aprofundar o seu conhecimento da Igreja Católica e os jovens ortodoxos e ortodoxos orientais que aqui estudam com o apoio do Comité de Cooperação Cultural com as Igrejas Ortodoxas, ativo junto do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

O livro do Deuteronómio oferece-nos a imagem do povo de Israel acampado nas planícies de Moab, prestes a entrar na Terra que Deus lhe prometeu. Lá Moisés, como pai solícito e chefe designado pelo Senhor, repete a Lei ao povo, instrói-o e lembra-lhe que deverá viver com fidelidade e justiça, quando se estabelecer na terra prometida.

A passagem que acabamos de ouvir indica como celebrar as três festas principais do ano: Pesach (Páscoa), Shavuot (Pentecostes), Sukkot (Tabernáculos). Cada uma destas festas convida Israel à gratidão pelos bens recebidos de Deus A celebração duma festa requer a participação de todos; ninguém pode ficar excluído: «Alegrar-te-ás na presença do Senhor, teu Deus, com os teus filhos, as tuas filhas, os teus servos e as tuas servas, o levita que viver dentro das portas da tua cidade, o estrangeiro, o órfão e a viúva, que estiverem junto de ti» (Dt 16, 11).

Por ocasião de cada festa, é preciso realizar uma peregrinação «ao santuário que o Senhor tiver escolhido para ali estabelecer o seu nome» (16, 2). O fiel israelita deve ir lá colocar-se diante de Deus; e, embora todo o israelita tivesse sido escravo no Egito, sem qualquer propriedade pessoal, «ninguém aparecerá com as mãos vazias diante do Senhor» (16, 16) e o dom de cada um será segundo a medida da bênção que o Senhor lhe tiver concedido. Assim, todos receberão a sua parte de riqueza do país e beneficiarão da bondade de Deus.

Não nos deve surpreender o facto do texto bíblico passar da celebração das três festas principais para a nomeação dos juízes. As próprias festas exortam o povo à justiça, lembrando a igualdade fundamental entre todos os membros, todos igualmente dependentes da misericórdia divina, e convidando cada um a partilhar com os outros os bens recebidos. O dar honra e glória ao Senhor nas festas do ano caminha de mãos dadas com o prestar honra e justiça ao seu vizinho, sobretudo se é vulnerável e necessitado.

Ao debruçar-se sobre a escolha do tema para esta Semana de Oração, os cristãos da Indonésia decidiram inspirar-se nestas palavras do Deuteronómio: «Deves procurar a justiça e só a justiça» (16, 20). Neles, está viva a preocupação pelo facto de o crescimento económico do seu país, animado pela lógica da concorrência, deixar muitos na pobreza, permitindo que se enriqueçam enormemente apenas alguns. Isto põe em perigo a harmonia duma sociedade onde vivem lado a lado pessoas de diferentes etnias, línguas e religiões que compartilham um sentido de mútua responsabilidade.

Mas isto não se aplica só à Indonésia; deparamo-nos com a mesma situação no resto do mundo. Quando a sociedade deixa de ter como fundamento o princípio da solidariedade e do bem comum, assistimos ao escândalo de pessoas que vivem em extrema pobreza ao lado de arranha-céus, hotéis imponentes e centros comerciais luxuosos, símbolos de incrível riqueza. Esquecemo-nos da sabedoria da lei mosaica, segundo a qual, se a riqueza não for partilhada, a sociedade divide-se.

São Paulo, quando escreve aos Romanos, aplica a mesma lógica à comunidade cristã: aqueles que são fortes devem ocupar-se dos fracos. Não é cristão «procurar aquilo que nos agrada» (Rom 15, 1). De facto, seguindo o exemplo de Cristo, devemos esforçar-nos por edificar os que são fracos. A solidariedade e a responsabilidade comum devem ser as leis que regem a família cristã.

Também nós, como povo santo de Deus, sempre nos encontramos prestes a entrar no Reino que o Senhor nos prometeu. Mas, estando divididos, precisamos de recordar o apelo à justiça que Deus nos dirigiu. Também entre nós, cristãos, há o risco de prevalecer a lógica conhecida pelos israelitas dos tempos antigos e pelo povo indonésio nos dias de hoje, ou seja, tentando acumular riqueza, esquecermo-nos dos vulneráveis e dos necessitados. É fácil esquecer a igualdade fundamental que existe entre nós: originariamente todos nós éramos escravos do pecado, mas o Senhor salvou-nos no Batismo, chamando-nos seus filhos. É fácil pensar na graça espiritual que nos foi dada como sendo nossa propriedade, algo que nos é devido e pertence. Além disso, é possível que os dons recebidos de Deus nos tornem cegos aos dons dispensados a outros cristãos. É um grave pecado desdenhar ou desprezar os dons que o Senhor concedeu a outros irmãos, pensando que estes sejam de algum modo menos privilegiados aos olhos de Deus. Se alimentarmos tais pensamentos, consentimos que a própria graça recebida se torne fonte de orgulho, injustiça e divisão. E então como poderemos entrar no Reino prometido?

O culto condizente a este Reino, o culto que a justiça exige, é uma festa que engloba a todos, uma festa na qual se disponibilizam e partilham os dons recebidos. Para realizar os primeiros passos rumo à terra prometida que é a nossa unidade, devemos, em primeiro lugar, reconhecer humildemente que as bênçãos recebidas não são nossas por direito, mas por dádiva, tendo-nos sido concedidas para as partilharmos com os outros. Em segundo lugar, devemos reconhecer o valor da graça concedida às outras comunidades cristãs. Consequentemente será nosso desejo participar nos dons dos outros. Um povo cristão, renovado e enriquecido por esta troca de dons, será um povo capaz de caminhar, com passo firme e confiante, pelo caminho que leva à unidade.

 

 

Fonte: Vatican News – Andressa Collet – Cidade do Vaticano



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