Francisco: “Igreja, mesmo com manchas e rugas, é sempre Mãe”

Publicado em 21/12/2015 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


menino jesus

Em seu último encontro dominical com os fiéis antes do Natal, o Papa Francisco rezou a oração do Angelus da janela de seu escritório, no Palácio Apostólico. Na Praça São Pedro, milhares de pessoas participaram do encontro, ouvindo suas palavras e unindo-se a ele na prece mariana.

 

Como sempre, Francisco fez uma breve reflexão sobre o Evangelho do dia, que neste domingo, o quarto do Advento, evidencia a figura de Maria. 

A Mãe de Deus, que concebeu na fé e traz em seu ventre Jesus, viaja de Nazaré aos montes da Judeia para visitar Isabel, idosa e no sexto mês de gestação. E se surpreende quando sua prima, ao vê-la exclama: “A que devo a visita da mãe de meu Senhor?”.

Inspirando-se neste episódio, o Papa convidou os fiéis e turistas presentes na Praça a refletir sobre os “lugares” da surpresa. 

Nascemos com as feições de Jesus

“O primeiro lugar é o outro, no qual reconhecer um irmão, porque desde que Jesus nasceu, cada rosto tem em si as feições do Filho de Deus. Principalmente quando o rosto é o do pobre, porque como pobre Deus entrou no mundo e dos pobres, antes de tudo, se deixou aproximar”. 

Deus ‘mistura as cartas’

Outro lugar ao qual, se olharmos com fé, nos surpreendemos, é a História. “Muitas vezes, disse, acreditamos vê-la no sentido correto, mas corremos o risco de entendê-la ao contrário. Isso acontece quando ela é determinada pela economia do mercado, regulamentada pelas finanças e pelos negócios, dominada pelos poderosos da vez”. 

Francisco lembrou que o Deus do Natal, ao invés, é um Deus que “mistura as cartas” e como narra o Evangelho de Lucas, “é o Senhor que derruba os poderosos dos tronos e exalta os humildes; sacia de bens os indigentes e despede de mãos vazias os ricos”. 

O Senhor não é ‘propriedade’ da Igreja  

Enfim, o terceiro lugar de surpresas é a Igreja, “que não é apenas uma instituição religiosa, mas uma Mãe que, mesmo com todas as suas manchas e rugas, deixa transparecer o perfil da Esposa amada e purificada por Cristo Senhor; uma Igreja-Mãe, que tem sempre os braços abertos e as portas escancaradas para acolher todos… uma Igreja que saia das próprias portas para buscar todos os que estão distantes e conduzi-los à misericórdia de Deus… esta é a surpresa do Natal!”.

“Uma Igreja para qual o Senhor Jesus não seja nunca um dom custodiado como uma ‘propriedade’, mas sempre Aquele que lhe vai ao encontro e que ela sabe aguardar com confiança e alegria, dando voz à esperança do mundo: “Vinde, Senhor Jesus”.  

Benção dos ‘Bambinelli’

Após conceder a todos a sua bênção, Francisco fez felizes as crianças romanas na Praça, chamando-as de ‘barulhentas’ e dedicando a elas a sua primeira saudação:

“Queridas crianças, quando rezarem diante de seus presépios, lembrem-se também de mim, como eu me lembro de vocês!”.

Faz parte da tradição que o Papa abençoe as pequenas imagens do Menino Jesus trazidas pelos grupos paroquiais, na chamada “Benção dos Bambinelli”. 

(CM)

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Papa apresenta os “antibióticos” para combater as doenças curiais

A palavra misericórdia guiou as felicitações que o Papa Francisco fez a seus colaboradores da Cúria Romana, recebidos em audência na manhã de segunda-feira (21/12).

Depois do “catálogo das doenças curiais” apresentado no ano passado, este ano o Pontífice propôs o “catálogo das virtudes necessárias” para quem presta serviço na Cúria. Isto é, como disse Francisco, “os antibióticos curiais”.

Doenças curiais

No decorrer de 2015, constatou o Papa, algumas das doenças citadas acabaram por se manifestar novamente, causando sofrimento e feridas. Por isso, foi necessário intervir e tomar medidas decisivas. “A reforma prosseguirá com determinação, lucidez e ardor”, reafirmou Francisco.

Entretanto, ponderou, “nem as doenças nem mesmo os escândalos poderão esconder a eficiência dos serviços que a Cúria Romana presta ao Papa e à Igreja inteira. Seria grande injustiça não expressar gratidão e encorajamento a todas as pessoas sãs e honestas que trabalham com dedicação”.

Virtudes necessárias

O “catálogo das virtudes necessárias” é dividido em 12 pontos, e tem como “guia e farol” a palavra misericórdia. “Trata-se de um instrumento prático para viver frutuosamente este tempo de graça”, explicou Francisco, convidando seus colaboradores a aprofundá-lo, enriquecê-lo e completá-lo.

Cada ponto é composto por duas palavras – virtudes, atitudes ou valores – sobre as quais o Pontífice faz a sua reflexão.

Assim, são necessários honestidade e maturidade, espiritualidade e humanidade, respeito e humildade, caridade e verdade para se combater indicações, subornos, escândalos, burocracia, superficialidade e a lógica consumista.

“A humanidade é saber mostrar ternura, familiaridade e gentileza com todos.”

Ou ainda: “Exemplaridade para evitar os escândalos que ferem as almas e ameaçam a credibilidade do nosso testemunho. Fidelidade à nossa consagração, à nossa vocação.” “A honestidade é a base sobre a qual assentam todas as outras qualidades.”

E também: “O respeito é dote das almas nobres e delicadas; das pessoas que procuram sempre ter em justa consideração os outros, a sua função, os superiores e os subordinados, os problemas, os documentos, o segredo e a confidencialidade.”

“A sobriedade é a capacidade de renunciar ao supérfluo e resistir â lógica consumista dominante.”

Misericórdia

“Na realidade, é inútil abrir todas as Portas Santas de todas as basílicas do mundo, se a porta do nosso coração está fechada ao amor”, afirmou o Papa, acrescentando:

“A misericórdia não é um sentimento passageiro, mas é a síntese da Boa Nova. Seja a misericórdia a guiar os nossos passos, a inspirar as nossas reformas, a iluminar as nossas decisões; seja ela a fazer-nos ler a pequenez das nossas ações no grande projeto de salvação de Deus.”

Francisco encerrou a reflexão a seus colaboradores da Cúria Romana com uma oração atribuída ao Beato Óscar Arnulfo Romero.

Confira o título dos 12 pontos:

1.     Missionariedade e pastoreação

2.     Idoneidade e sagácia

3.     ESpiritualidade e humanidade

4.     Exemplaridade e fidelidade

5.     Racionalidade e amabilidade

6.     Inocuidade e determinação

7.     Caridade e verdade

8.     HOnestidade e maturidade

9.     Respeito e humildade

10.   Dadivoso e atento

11.   Impavidez e prontidão

12.   FiAbilidade e sobriedade

(BF)

Papa: misericórdia para combater a terceira guerra mundial

A misericórdia é o primeiro e o mais verdadeiro remédio para o homem: foi o que disse o Papa na manhã de sábado (19/12), recebendo em audiência no Vaticano cerca de sete mil funcionários e familiares das Ferrovias do Estado Italiano.

 

Em seu discurso, o Pontífice agradeceu a todas as pessoas que trabalharam duramente para realizar a rede ferroviária na Itália. De maneira especial, recordou os operários que morreram ao realizar este trabalho no decorrer dos anos. “Façamos de modo que isso não aconteça mais”, afirmou.

Porta Santa da Caridade

Mas a audiência desta manhã foi a ocasião para o Papa falar da misericórdia, ao citar a abertura um dia antes da Porta Santa da Caridade no albergue que fica nas proximidades da Estação Termini de Roma. Administrada pela Caritas diocesana, a estrutura foi completamente reformada em parceria com as Ferrovias do Estado Italiano.

“Que o Ano Santo nos ensine antes de tudo isto: que a misericórdia é o primeiro e o mais verdadeiro remédio para o homem, do qual todos necessitam urgentemente. Quanto é capaz de curar uma carícia misericordiosa! Esta flui de modo contínuo e superabundante de Deus, mas devemos também nos tornar capazes de doá-la reciprocamente, para que cada um possa viver em plenitude a sua humanidade.”

Terceira Guerra Mundial

Quem atravessar a Porta Santa da Caridade com amor, acrescentou Francisco, encontrará perdão e consolação, e será impulsionado a doar e a doar-se com mais generosidade.

“Deixemo-nos todos renovar pela passagem através desta porta espiritual, de modo que marque interiormente a nossa vida. Deixemo-nos envolver pelo Jubileu da Misercórdia, de modo a renovar o tecido de toda a sociedade, tornando-a mais justa e solidária, sobretudo nesta terceira guerra mundial que eclodiu aos pedaços e que a estamos vivendo”, exortou por fim o Papa.

(BF)

 

Fonte: Rádio Vaticano



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