Ato de coragem e de ecumenismo cristão

Publicado em 10/06/2014 | Categoria: Papa Francisco |


Ato de coragem e de ecumenismo cristão: Padre Lombardi sobre encontro de oração pela paz, domingo passado no Vaticano


Sobre o encontro de oração pela paz, com os Presidentes de Israel e da Palestina e também o Patriarca de Constantinopla, Roberto Piermarini recolheu um comentário de Padre Lombardi:

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– O Papa Francesco, de acordo com os outros participantes neste encontro, quis dar um sinal muito forte de apelo a Deus, de abertura e portanto de um horizonte de um empenho maior e diferente, ao serviço da paz. E como dizia o Padre Custódio (da Terra Santa), há dias, porventura não “rebentará” a paz – no sentido de que não a situação não mudará de um dia para o outro no Médio Oriente, contudo, sem dúvida que pessoas de boa vontade e pessoas que crêem em Deus deram um contributo novo, um contributo forte, com todas as forças para fazerem apelo à graça do Senhor, ao dom da paz (a paz, nós acreditamos que é um dom) e à capacidade dos corações de se converterem a uma atitude diferente. O Papa fala sempre da cultura do encontro. Pois bem, o encontro de ontem foi verdadeiramente um encontro entre pessoas sob o signo da fé.
D. – Para além das palavras, impressionaram os gestos, no encontro de ontem…
– Exatamente! Houve apertos de mão, mas houve também abraços: abraços sinceros. Para além de plantarem a oliveira, que é um sinal clássicos dos gestos e momentos em que se procura construir a paz. Eu diria que os abraços revelaram-se muito sinceros. Em particular, o que mais impressionou, e que era muito desejado e esperado, foi o abraço entre os dois presidentes, que foi um momento de “libertação” dos protagonistas, dos povos que desejam sinceramente a paz, mas têm dificuldade em encontrar o caminho para isso. Eis: esta nostalgia da paz, esta vontade, também de paz foi bem manifestada pelos abraços de ontem.
– De entre as afirmações do Papa Francisco, neste encontro de oração, os comentadores sublinham o que disse sobre a coragem necessária para fazer a paz…

– Este mesmo encontro foi um ato de coragem, porque o realismo (pragmatismo) tímido leva ao desânimo operante tantos fracassos que se encontram no caminho da paz. Mas o crente – como as passagens bíblicas que domingo ecoaram afirmam de vários modos – continua a olhar para Deus e é daí que recebe a coragem de que precisa. O Papa fala muitas vezes das surpresas na história que podem vir do Espírito do Senhor que irrompe. Para nós, crentes cristãos, era também o domingo Pentecostes, o momento da descida do Espírito que renova a Criação. Bem, nós acreditamos que é sempre possível algo de novo e é isso o que pedimos a Deus e procuramos pormo-nos a caminho também nós, com todas as nossas forças.

– Que importância teve, neste encontro, a presença do Patriarca Bartolomeu?

– Bartolomeu deu esse sinal do ecumenismo cristão. Bem vistas as coisas, não se deve esquecer que o encontro de oração pela paz, no domingo, foi até certo ponto, a verdadeira conclusão da viagem à Terra Santa, porque foi um evento lançado e preparado com a viagem à Terra Santa, em que Bartolomeu foi protagonista, juntamente com o Papa, porque foi a ocasião da comemoração do abraço entre Paulo VI e Atenágoras, aquela que tinha dado origem ao encontra, na Terra Santa.
Portanto, Bartolomeu manifestou esse facto que para todos os cristãos, para todas as confissões cristãs, também Jerusalém e a Terra Santa são fundamentais, e portanto todos os cristãos do mundo unem-se a esse desejo e a essa oração pela paz. Não é só o Papa Francisco, com o seu carisma; não são apenas os católicos, mas são todos os cristãos que se unem a todos os fiéis, hebreus e muçulmanos, na busca da paz dessa Região que é assim importante para todos.

 

As bem-aventuranças são o programa de vida do cristão”: Papa em Santa Marta, comentando o Evangelho do dia



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As bem-aventuranças são o programa da vida do cristão: sublinhou o Papa Francisco na Missa desta manhã, na Casa de Santa Marta, comentando o Evangelho do dia. No dia a seguir ao Encontro de oração pela paz com os Presidentes de Israel e da Palestina, o Santo Padre voltou a recordar que há que ter a coragem da mansidão para derrotar o ódio.
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”…

“Mas o mundo diz-nos: a alegria, a felicidade, o divertimento – é isso o belo da vida. E ignora, vira a cara para o outro lado, quando há problemas de doença, de sofrimento, na família. O mundo não quer chorar, prefere ignorar as situações dolorosas, encobri-las. Só a pessoa que vê as coisas como são, e chora no seu coração, é feliz e será consolada. A consolação de Jesus, não a do mundo. Felizes os mansos neste mundo, que desde o início é um mundo de guerras, um mundo onde por todo o lado se litiga, onde por toda a parte há ódio. E Jesus diz: nada de guerras, nada de ódio, paz, mansidão”.

“Felizes os perseguidos pela justiça”. Quantas pessoas – constatou o Papa Francisco – são perseguidas, foram perseguidas, simplesmente por terem lutado pela justiça! Isto das bem-aventuranças é o programa de vida que Jesus nos propõe – sublinhou. “Tão simples, mas tão difícil”.
E se quisermos algo mais, Jesus dá-nos outras indicações no capítulo 25 de Mateus, com aquele protocolo segundo o qual seremos julgados: “Tinha fome e deste-me de comer, tinha sede e deste-me de beber, estava doente e visitaste-me, estava na cadeia e vieste a encontrar-me”. Com estas duas coisas – Bem-aventuranças e Mateus 25 – pode-se viver a vida cristã a nível de santidade”. “Que o Senhor nos dê a graça de compreender esta mensagem!” – concluiu o Papa.



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