Ano do Jubileu será ‘de ternura e perdão’

Publicado em 03/12/2015 | Categoria: Notícias Papa Francisco |


O Papa Francisco prometeu nesta quarta-feira que o Jubileu extraordinário da misericórdia, que começa na terça-feira em Roma, será um ano dedicado à “ternura” e ao “perdão”.

“É o ano do perdão, o ano da reconciliação”, declarou o papa em uma entrevista ao Credere, o semanário oficial do Jubileu.

“Senti que havia um desejo do Senhor de mostrar aos homens a sua misericórdia”, acrescentou.

Diante de numerosas más notícias, “o mundo precisa descobrir que Deus é pai, que há misericórdia, que a crueldade não leva a nada, que a condenação não leva a lugar nenhum, porque a própria Igreja (…) às vezes cai na tentação de seguir uma linha dura, na tentação de enfatizar apenas as normas morais”, estimou o papa argentino.

“Por um lado, vemos o tráfico de armas, a produção de armas que matam, o assassinato de inocentes das mais cruéis formas possíveis, a exploração das pessoas, de menores, crianças (…) um sacrilégio contra a humanidade ( …) E o Pai diz: “Parem e vinde a mim'”, disse o Papa.

“Há muita gente ferida e destruída. E precisamos atender os feridos, devemos ajudá-los a curar e não submetê-los a testes de colesterol”, insistiu, referindo-se às regras morais rígidas da Igreja.

“Acredito que agora é a hora de misericórdia. Somos todos pecadores, todos nós carregamos pesos”, afirmou, explicando que precisa se confessar a cada duas ou três semanas “para sentir que a misericórdia de Deus ainda está em mim”.

A revolução que o mundo precisa “é a ternura, porque daí vem a justiça e todo o resto”, disse ele.

AFP

O que é um jubileu?

É um convite para que, de maneira mais intensa, fixemos o olhar na Misericórdia do Pai.

*Por Dom Leomar Brustolin

O Papa Francisco anunciou o Ano da Misericórdia por meio da Bula de Proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia). O Jubileu inicia em 8 de dezembro de 2015 e se conclui no dia 20 de novembro de 2016, com a Solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo.  

A celebração do Jubileu se origina no judaísmo. Consistia em uma comemoração de um ano sabático que tinha um significado especial. A festa se realizava a cada 50 anos. Durante o ano, os escravos eram libertados, restituíam-se as propriedades às pessoas que as haviam perdido, perdoavam-se as dívidas, as terras deviam permanecer sem cultivar e se descansava. Era um ano de reconciliação geral. Na Bíblia, encontramos algumas passagens dessa celebração judaica (cf. Lv 25,8). 

A palavra Jubileu se inspira no termo hebreu de yobel, que se refere ao chifre do cordeiro que servia como instrumento musical. Jubileu também tem uma raiz latina, iubilum que se refere a um grito de alegria. Na tradição católica, o Jubileu se realiza em um ano no qual se concedem indulgências aos fiéis que cumprem certas disposições estabelecidas pelo Papa. O Jubileu pode ser ordinário ou extraordinário. A celebração do Ano Santo Ordinário acontece em um intervalo a cada 25 anos, com o objetivo de que cada geração experimente pelo menos um Jubileu em sua vida. Já o Ano Santo Extraordinário se proclama como celebração de um fato destacado. O Jubileu proclamado pelo Papa Francisco é um Ano Santo Extraordinário. É um convite para que, de maneira mais intensa, fixemos o olhar na Misericórdia do Pai. 

O início do Jubileu da Misericórdia será marcado pela abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro, em Roma. Essa porta só se abre durante um Ano Santo e significa que se abre um caminho extraordinário para a salvação. Na cerimônia de abertura, o Papa toca a porta três vezes com um martelo, enquanto diz: “Abram-me as portas da justiça; entrando por elas, confessarei ao Senhor”. Depois de aberta, entoa-se um canto de Ação de Graças e o Papa entra na Basílica. 

O ano da misericórdia é muito mais do que um tempo marcado pelo cumprimento de algumas práticas. Na realidade, trata-se de um grande convite a dirigirmos nosso olhar para a face da misericórdia do Pai: Jesus de Nazaré.

É no Cristo que se manifesta o agir misericordioso do Pai que consola, perdoa e devolve a esperança. É preciso tomar esse modo de ser de Jesus como regra de vida, pois esse é o critério para identificar-nos como filhos do Pai misericordioso. Tornamo-nos misericordiosos à medida que fazemos a experiência da misericórdia. “Dia após dia, tocados por sua compaixão, podemos também tornar-nos compassivos para com todos” (MV 14).

CNBB
*Bispo auxiliar de Porto Alegre (RS)
Fonte: Dom Total


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