Maturidade na Fé

Publicado em 17/02/2011 | Categoria: Arquivo |


Com muita freqüência, ouvimos falar do RICA: Ritual de Iniciação Cristã. Os últimos documentos da Igreja falam com muita insistência em sacramentos de Batismo, Crisma e Eucaristia estão vinculados ao chamado processo de iniciação cristã, mostrando-nos e dando-nos uma perspectivas de um itinerário espiritual.

Quando se fala em sacramentos, não podemos pensar em momentos parados na vida, se fala em iniciação cristã como um catecumenato, um processo, um itinerário, uma evolução da própria humanidade, da pessoa, e a própria divinização do homem.

É por isso, que na musica Creio no Deus do Impossível, tem aquele trecho: “sou uma obra inacabada”. É essa a perspectiva que a Igreja quer que tenhamos, somos uma obra nas mãos de Deus e no esforço próprio, a evoluir.

Esse processo da evolução, do itinerário espiritual, e de santidade chamasse: a busca da maturidade cristã.

A maturidade cristã, colocada de forma muito freqüente, nos escritos de São Paulo, porque ele passou de infantil, imaturo na fé, para um maduro na fé.

Jeremias também passou por esse processo, de espiritualidade infantil, para uma maturidade na fé. E, a Bíblia está repleta de exemplos.

Não podemos achar que já estamos prontos, polidos e nos colocarmos numa atitude imutável. Frases como: “Eu fui sempre assim, eu não mudo”, ou “Desde criança sou assim e na minha idade já não há muito que mudar”, estão erradas. O itinerário e a maturidade cristã são etapas próprias da virtude da prudência que é fruto da maturidade psíquico, afetiva, física e espiritual.

As dimensões de uma pessoa madura na fé, que constitui maturidade na vida cristã é quando ela consegue integrar, consegue trabalhar a sua vida psíquica, afetiva, emocional, social, e espiritual. Negar um desses aspectos é forjar uma falsa maturidade.

Existem pessoas que carregam neuroses, afetivas, por exemplo: de um pai de uma mãe que marcaram negativamente, e causaram traumas. Se, essa neurose não curada, é transferida para a religião, é transferida para Deus, essa neurose que é afetiva, se torna uma neurose espiritual. E, a pessoa se torna desequilibrada na fé. Pessoa que não tem persistência na fé.

A neurose que é transferida para Deus, acaba gerando uma imagem distorcida do Deus verdadeiro para um Deus punitivo, vingativo ou justiceiro.

A maturidade na fé nos lembra que a pessoa, na grande parte do seu ser, é aquilo que ela faz de si mesma, e trazer a luz da fé suas neuroses, e na luz da fé não transferi-la para a religião.

Pessoas fanáticas são exemplo de uma neurose espiritual. Pessoas que não conseguem conviver em paz, dentro de um ambiente religioso. Quantos que não conseguem somar numa pastoral, é neurose. Há pessoas que são excelentes trabalhando sozinhas. É capaz carregar um caminhão carregado de toras, mas se pedimos que carregue junto com os demais, não sabem dividir o peso. Essas características que herdamos, trauma que trazemos são obstáculos para a maturidade da fé.

Um dos elementos da maturidade da espiritualidade é colocar a razão sobre a paixão. O texto da Carta aos Efésios nos ajudará a entender: São Paulo fala: “Até que todos nós cheguemos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homens feitos, de acordo com a idade matura da plenitude de Cristo a estatura da maturidade de Cristo” (Ef 4, 13). Portanto, a meta de todo o cristão é chegar a maturidade da pessoa em Cristo.

Muitos de nós tem pretensões de melhorar profissionalmente, ou trabalhar para ter um aumento salarial, então, no trabalho estabelece metas de evolução: “eu estou aqui e quero chegar lá”. É o que São Paulo diz aos Efésios e a nós, temos que ter metas, temos que ter propósitos temos que ter um processo de evolução, enquanto pessoas.

Não podemos começar e terminar um ano iguais. Mais velhos com certeza, mais enrugados, talvez, mais pertos da morte não tenho duvidas, mas mais livres.

Isso vem de três coisas basicamente.

– A maturidade cristã é fruto da estabilidade de espírito, estabilidade não é instabilidade. Instabilidade é ausência de Deus, uma pessoa volúvel que quer e ao mesmo tempo não quer, é vai não vai. Temos que chegar na estabilidade de espírito.

– A maturidade na fé nos leva a ter capacidade de tomar decisões prudentes. Enquanto a esperança é uma virtude que nos acompanha a vida inteira, a prudência é a ultima virtude a ser adquirida, é própria da fase adulta. Por isso, dizemos aprender com a sabedoria das “pessoas mais velhas”, porque a prudência é sabedoria a ser adquirida.

Essa capacidade de tomar decisões prudentes, vale para o matrimonio, para a vida sacramental. Uma pessoa que é prudente, não se deixa levar pelo humor, não se deixa levar pelo momento. A maturidade cristã não age pelo egocentrismo, pelo eu ferido.

– Maturidade cristã se busca pela retidão na capacidade de julgar os acontecimentos e as pessoas.

Isso é o que temos que buscar, se quisermos ser, como diz São Paulo, homens maduros em Cristo: estabilidade de espírito; capacidade de tomar decisão prudentes e retidão na capacidade de julgar os fatos, os acontecimentos e as pessoas.

Não sejamos, diante dos acontecimento, pessoas abobalhadas, a nos descabelar e perguntar: Por que Senhor isso está acontecendo comigo?

Isso é imaturidade. Não conseguir tirar do mal o proveito do bem é imaturidade. Jesus tirou da cruz a salvação; Maria tirou do filho morto a ressurreição; Paulo tirou de ter perdido todo “status”, a situação confortável dele, um novo apóstolo.

A força dinâmica o amadurecimento da vida espiritual, está citada na Primeira Carta aos Tessalonicenses: “Com efeito, diante de Deus, nosso Pai, pensamos continuamente nas obras de vossa fé, nos sacrifícios de vossa caridade e na firmeza de vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, sob o olhar de Deus, nosso Pai” (1Tes 1, 3).

Temos neste trecho, três palavras importantes: maturidade espiritual: obras de fé. Quem é maduro transforma a fé em obras. A fé descomprometida é uma fé mágica, supersticiosa e a superstição é sinal de imaturidade.

A caridade é a virtude que mais esmerilha, que tira as arestas para alma que busca Deus. A caridade é o melhor polimento para uma alma deformada que quer a perfeição.

E a virtude da esperança é fundamental.

Agora vejamos outro texto da Primeira Carta aos Tessalonicenses: Não durmamos, pois, como os demais. Mas, vigiemos e fiquemos sóbrios” (1Ts 5, 6).

Vigiemos! Se não estivermos num estado permanente de vigília, como falei anteriormente: itinerante, poderíamos pensar que já fizemos a iniciação cristã, fomos batizados, crismados, recebemos a 1ª Eucaristia, estamos prontos, e relaxar. Mas, Jesus insiste na vigilância, Paulo fala em vigilância.

As outras religiões, por exemplo, o budismo fala de um estado de iluminação para chegar ao grande iluminado que é Buda. O nirvana, última etapa da contemplação que o budista faz para chegar ao estado de sabedoria de Buda.

No espiritismo cardecista, é um estado permanente de reencarnação para purificação e chegar num estado de espírito puro.

Na nossa religião católica, é um estado itinerário, de amadurecimento na fé, para chegar ao estado de matrimonio. Santa Tereza D’Ávila define a maturidade cristã como a fusão. Ela diz: saímos de um estado de paixão, namoro – auto-conhecimento, de noivado – comprometimento para um casamento com Deus.

São Paulo usa o termo: saímos do homem velho, para o homem novo para chegar ao estado de maturidade, adultos na fé.

Nesse trecho da Carta aos Gálatas: “Explico-me: enquanto o herdeiro é menor, em nada difere do escravo, ainda que seja senhor de tudo” (Gl 4, 1). São Paulo começa a dizer que passamos de um estado da escravidão de inferiores para livres em cristo. Saímos de um estado de servos para amigos.

Existem alguns sinais que mostram se estamos numa fase infantil da fé, vou citar alguns:

– A incapacidade de aceitar todo Evangelho e todas as exigências do Evangelho. Incapacidade de aceitar tanto os direitos, como os deveres. É aceitar uma parte da Bíblia, gostar, já outra parte da Bíblia não querer, e achar que não deveria ter. É concordar em alguns pontos com Jesus, mas não em todos. É a incapacidade de aceitar a totalidade das exigências evangélicas.

O melhor texto que mostra isso é da Primeira Carta ao Corintios, onde São Paulo fala que a comunidade de Corinto, esta se comportando como crianças, porque é uma comunidade mimada. Será que também não somos uma comunidade que não busca a sabedoria de Deus, vivemos na sabedoria humana e ai Jesus, o Evangelho parece loucura?

Uma vez que na sabedoria de Deus, o mundo não o reconheceu pela sabedoria, aprouve a Deus servir-se da loucura da pregação para salvar os que crêem. Porque os judeus pedem sinais, e os gregos procuram a sabedoria; enquanto nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os pagãos; mas, poder e sabedoria de Deus para os chamados – quer judeus quer gregos -,porque o que se julga loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e o que se julga fraqueza de Deus é mais poderoso do que os homens” (1Cor 1, 21-25).

Paulo está puxando a orelha da comunidade de Corinto, dizendo que a comunidade ainda não se encontrou, e às vezes nós também. Nós ficamos com um pé na loucura de Cristo e um pé na sabedoria dos homens. Por isso, não crescemos, estamos ainda divididos.

Ainda escutamos o mundo que fala, por exemplo, em favor do aborto, e um Deus que fala em favor da vida, e, ficamos na corda bamba. Escutamos um mundo que fala: Levou bordoada, dê bordoada. Se, fulano te tratou mal, não leve desaforo para casa; e um Jesus que diz, ame o teu inimigo, reze por aqueles que te odeiam, e ficamos em cima do muro.

Outro ponto para avaliarmos se somos infantis na fé é, se nos deixamos levar pela carne; não buscamos os homens espirituais que somos. Julgamos os outros por motivos humanos, por inveja, agimos por rancor, decidimos movidos por ambições pessoais.

Novamente São Paulo elucida isso: “Exorto-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sede todos unânimes no falar e no haja entre vós divisões, antes sede concorde no mesmo pensar e no mesmo sentir. Isto irmãos, digo, porque pelos familiares de Cloé, eu soube que há entre vós discórdias. Com isto entendo que cada um de vós diz: Eu sou discípulo de Paulo; eu, de Apolo; eu, de Cefas; eu, de Cristo. Está Cristo dividido? Ou foi Paulo crucificado por vós? Ou fostes batizados para o nome de Paulo? Dou Graças a Deus, por não batizado nenhum de vós, a não ser Crispo e Gaio. Para que ninguém possa dizer que fostes batizados para meu nome. Também a casa de Estéfanas. Não me consta ter batizado nenhum outro (1Cor 1, 10-16). )

Paulo esta desabafando, porque alguém contou (Paulo deveria ter os seus fuxiqueiros, que iam contar que a comunidade estava dando problema), e Paulo manda essa Carta, dizendo: me contaram que entre vocês está uma briga, porque um diz que é de Pedro outro de não sei quem. E, Paulo diz: Graças a Deus não batizei ninguém, a não ser um e outro, mas esses eu garanto.

Intriga, agir movido pela raiva é imaturidade.

Outro ponto que mostra a imaturidade, é achar que estamos prontos e não temos mais nada a aprender, não temos mais nada para ser mudado, não tem mais nada para ser modelado. Além de ser um sinal de imaturidade, como já vimos é um obstáculo para a maturidade da fé.

Mais um ponto, e, esse é perigoso, é o cultivo da presunção. É acreditar demasiadamente nas próprias forças e não reconhecer que tudo é dom de Deus, inclusive as qualidades. Um seguidor de Jesus adulto na fé supera a infância, a imaturidade do espírito agindo e confiando na providencia divina. Quanto mais confiarmos na providencia, mais maduros estamos na fé. Quanto mais auto suficientes, presunçosos em nossos cálculos humanos, mais imaturos somos. O exemplo disso: “Disse-lhe Jesus: Deixai vira mim as criancinhas e não as impeçais, porque delas é o reino dos céus” (Mt 19, 14). E outro trecho do Evangelho de Mateus: “Em verdade vos digo: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos céus. Pois aquele que se fizer humilde como esta criança será maior no Reino dos céus” (Mt 18, 3ss).

Um outro obstáculo e um outro ponto que mostra nossa imaturidade na fé é uma afetividade centrada em nós mesmo. Uma afetividade que se fecha ao outro. Uma afetividade compulsiva, porque fere Deus que nos amou primeiro e nos mandou amar (1Jo 4, 10).

Nossa afetividade não deve ser presa em nós mesmo. Não tem como ser uma pessoa matura na fé se não houver integração da afetividade, sexualidade, dimensão social, física e espiritual.

Por isso a masturbação do homem ou da mulher no casamento é um erro, porque não dizer um pecado, porque a sexualidade no casamento é para o outro. Mesmo que não tenha outra pessoa, pois sexualidade não é só genitalidade.

– Somos imaturos se tudo quanto fazemos é por obrigação. Se para nós religião é um peso; amar é um peso; a pratica religiosa é um peso. Se tudo que fazemos é por medo das conseqüências. Se não fazemos por amor, mas por medo. Se nos relacionamos com Deus por medo que ele nos puna. Se vamos à missa com medo que durante a semana nos venha uma paulada. Fazemos as coisas porque Deus que está lá em cima, olhando, e se nos descuidarmos ele mandará um raio na cabeça, ou uma doença.

É um conceito errado de Deus e uma imaturidade. Como exemplo de pegarmos a liberdade que temos, o livre arbítrio e transformarmos em libertinagem, Paulo nos diz: “Atenção, porém: que essa vossa liberdade não venha a ser ocasião de queda aos fracos (1Cor 8, )”.

E acrescenta ainda outro exemplo: “Não temos nós porventura o direito de comer e beber? Acaso não temos nós direito de deixar que nos acompanhe uma mulher irmã, a exemplo dos outros apóstolos e dos irmãos do Senhor e de Cefas? Ou só eu e Barnabé não temos direito de deixar o trabalho? (1Cor 9, 4ss). O texto mostra Paulo dizendo porque ele, Barnabé e os apóstolos têm que viver no evangelho, no trabalho, como celibatários e outros não se sentem dispostos a viver a Palavra de Deus. Fazer não porque é obrigado, pela lei, mas pela gratuidade do amor.

– Somos imaturos quando estamos mais preocupados em exaltar nossos carismas, do que comprometer-nos e aspirar as coisas do alto. Quando estamos mais preocupados com os nossos próprios carismas do que com a caridade.

– Somos imaturos quando somos instáveis na fé. Quando nossa fé não é sólida no evangelho (Ef 4, 14). Quando o fundamento não é no Evangelho.

Neste contexto, vemos como e necessário trabalhar a nossa fé, como é necessário retiro, formação, como é necessário um itinerário espiritual.

Agora falando do positivo, da maturidade na fé, ou como progredir na fé cristã. Lembrando que aos olhos de Deus não existe destino, não existe determinismo, os traumas, as neuroses, os problemas, complexos que carregamos não são determinantes, apenas Influenciam.

Fazer-nos vitimas de nossos traumas é covardia. Fazer-nos vitimas de uma família problemática é covardia. Deus nos dá a graça e nos capacita. Ele nos quer pessoas adultas afetivamente emocionalmente, sexualmente, fisicamente, espiritualmente.

Exemplo disso: a prostituta, vai e não tornes a pecar (Jo 8, 11). O ladrão: hoje mesmo estarás comigo no paraíso (Lc 23,43).

Na vida cristã, na busca desse matrimonio com Deus, essa união com Deus, a maturidade afetiva é sinônimo de maturidade moral.

A moral cristã também é a moral afetiva. Tanto que se fala com clareza: sair de um egocentrismo.

Uma pessoa que tenha uma afetividade egocêntrica, é estéril. Uma mulher egocêntrica até pode geral filhos, mas não é capaz de educá-los. Um homem egocêntrico afetivamente imaturo, espiritualmente imaturo, até põe filho no mundo, mas não gera para a fé.

Imaturidade espiritual, imaturidade afetiva nas são coisas diferentes, mas tem que viver integradas.

Tenho observado e me preocupa, que as pessoas estão volúveis na fé, amam e odeiam, estão com o pé na igreja, mas vivem de formas diferentes os conflitos morais e espirituais, isso é imaturidade.

Querer a maturidade na fé e maturidade espiritual não se simplesmente de combater um vicio com hábitos bons. É necessária uma conversão. Só a substituição de hábitos não é suficiente, para a mudança de uma vida, porque incide ainda o espírito do mal em nós, se não há um rompimento completo.

Vou exemplificar, se cortamos os galhos de uma arvore, mas não arrancamos a raiz, o que vai nutrir o tronco é a raiz. Podemos mudar hábitos, um dia, dois dias, mas o que esta nos nutrindo ainda é o pecado, então cedo ou tarde a seiva do pecado chega no fruto. E de repente nos assustamos, e nos questionamos, se estamos nos dedicando tanto a Igreja, porque ainda temos ódio das pessoas, e carregamos tanta amargura, isso significa que nossa raiz ainda esta num solo errado. Como a planta se nutre dos lençóis freáticos e dos sais minerais da terra o nosso ser se nutre onde estamos.

Então, não se trata só de uma mudança superficial de comportamentos, porque senão poderíamos achar que chegar a uma maturidade da fé significa só uma mudança comportamental, e não é só isso. É a radicalidade do Evangelho. É romper e transportar, tirar a raiz e mudar de solo. Melhor exemplo disso está no Salmo 1, os dois caminhos.

Esse conceito é filosófico, é teológico, mas é estritamente cristão. A maior parte do não crescimento esta aí, se transplantar do solo, como Moisés no Êxodo, queria se aproximar da sarça ardente, vai chegando e Deus pede que não se aproxime, que tire as sandálias porque aquele lugar é solo santo (Ex 3, 5). Onde Moises estava não era, ele teve que se transplantar. Moises teve que sair do impuro e pisar, se transplantar para um outro solo. É isso que Deus quer. Isso é maturidade, isso é rompimento, isso é conversão.

No cotidiano o cristão tem que exercitar as virtudes, tanto as infusas, que recebemos quando nascemos: fé esperança e caridade. O exercício delas nos leva a maturidade. Também as virtudes adquiridas: prudência, fidelidade, perseverança, persistência, resistência e outras, quando exercitadas nos levam a maturidade da fé.

A vida espiritual é um processo da evolução do ser humano; da alma e do corpo. É a graça de Deus agindo em nós.

A perfeição cristã tem que passar por uma ascese, nós temos uma visão negativa de ascese, que na idade média era tida como mortificação, como negação dos sentidos, mas ascese é um elemento importante para a maturidade cristã, é exercício metódico, é esforço da pratica virtuosa da busca de Deus.

Um cristão que quer subir na comunhão com Deus, qualquer alma que tende ao transcendente, que quer sair do plano mediano para voar alto, tem que passar pela ascese no sentido positivo e, pelo esforço metódico, o exercício das virtudes e o domínio das tendências, sem isso ninguém cresce.

Meus irmãos, se Santos Dumont não tivesse persistido em construir o avião, fez um voou caiu, fez outro, e outro, até chegar ao protótipo que conseguiu alçar vôo, hoje nós não viajaríamos de avião. O problema é que nós não continuamos, nós damos o nosso primeiro pulinho, caímos e paramos. Se queremos voar mais alto, devemos perseverar, se erramos no calculo, caímos, perdemos uma batalha, mas não perdemos a guerra, todos conhecem esses termos, na vida espiritual também é assim.

As pessoas não fazem o mesmo esforço na vida espiritual, como fazem na vida material, foi Jesus quem constatou isso, quando Ele elogia aquele administrador esperto, e diz aos discípulos que façam como ele, na vida espiritual tenham o mesmo empreendimento que na vida material.

Jesus já sabia que nós como seus discípulos, quando em se tratando de multiplicar dinheiro seriamos ávidos, rápidos, mas em se tratando de chegar a Deus, seriamos preguiçosos e desistíramos facilmente, por isso Jesus diz, aprendam com o administrador, sejam como simples como as pombas e prudentes como as serpentes (Mt 10, 16).

Os sinais que levam a maturidade são:

– Ter convicção de Deus, ter convicção da fé (Rm 14, 5 1Ts 1-5)

– Ter discernimento do certo e do errado, nunca buscando fazer a vontade própria, mas a vontade de Deus (Hb 5, 14).

– Ter docilidade ao Espírito Santo, viver nos frutos do Espírito (Gl 5, 22).

– Ter capacidade de viver a sacralidade, a vida sacramental. Se Cristo está presente nos sacramentos, somos maduros na fé quando buscamos Cristo nos sacramentos.

– Ter empenho na salvação do mundo, não existe espiritualidade ou santidade fechado em si mesmo. Vejamos Santa Terezinha do Menino Jesus, 15 anos de idade num claustro, tudo levaria a fechar-se em si mesma, mas dedicou a vida pela a salvação dos pecadores. A santidade abre, nunca se fecha num grupinho ou numa pessoa. Quem diz que está chegando perto de Deus e se fecha, cuidado não é de Deus, maturidade é preocupação com a salvação do mundo.

– Busca constante da conversão, dos pensamentos. Não aceitar, não deixar que nosso coração se torne mundano.

– Afastar-nos do mal e abrir-nos a Deus.

Cristão adulto é aquele que aconteça o que acontecer está enraizado em Cristo, firme na fé (Rm 11, 20).

Pe. Reginaldo Manzotti



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