Compromisso e Oração da Semana

Publicado em 19/05/2012 | Categoria: Notícias |


 

Celebrando a despedida de Jesus, prometemos não deixar morrer o projeto que ele nos confiou. Ao longo da semana, vamos nos preparar para a festa de Pentecostes, rezando pela unidade dos cristãos.

 

 

 

SILÊNCIO E PALAVRA

 

 

Vivemos num período histórico em que assistimos ao impressionante desenvolvimento das tecnologias na área da comunicação. Notadamente com o advento das mídias digitais, entre as quais a internet e o celular, e com a consequente organização da sociedade “em rede”, o mundo está cada vez mais interconectado, influenciando, de maneira decisiva, o nosso modo de ser e de nos relacionar.

No entanto, o acesso às novas tecnologias não garante a qualidade da nossa comunicação. É necessário refletir sobre como estamos usando as modernas mídias e até que ponto elas estão nos ajudando a construir uma sociedade com melhor qualidade de vida. Caso contrário, o que deveria ser fator de humanização pode se transformar apenas em fonte de barulho e de dispersão. 

Tendo presente este contexto sociocultural, Bento XVI, em sua mensagem para o 46º dia mundial das comunicações, que celebramos neste domingo da Ascensão do Senhor, propõe-nos oportuna reflexão sobre “silêncio e palavra: caminho de evangelização”.

O papa nos mostra que entre silêncio e palavra não há oposição, mas complementaridade. De fato, o “silêncio” é elemento importante no processo da comunicação. Sem essa atitude não podemos “escutar”, e, se não escutamos, como poderemos dizer as palavras certas às pessoas e ao mundo que nos cercam? 

No âmbito da fé, o silêncio é o primeiro passo para acolhermos a palavra de Deus, precisamente porque favorece o discernimento e o aprofundamento. Se não escutamos o que o Senhor quer nos falar, o que vamos anunciar?

Evangelização é, antes de tudo, comunicação, e esta, para realizar-se de modo eficaz, necessita do silêncio e da palavra. Só assim conseguiremos oferecer, com base nos valores evangélicos, respostas adequadas aos problemas atuais e construir uma sociedade com mais vida, em conformidade ao que Jesus ressuscitado espera de seus discípulos.

Pe. Valdir José de Castro, ssp

 

 

 

Vaticano II: 50 anos

IGREJA: COMUNIDADE DE IRMÃOS

 

O Concílio Ecumênico Vaticano II nos oferece maravilhosos ensina-mentos sobre a Igreja. Apresenta-nos a Igreja como comunidade à imagem da Trindade santa, a comunidade perfeita; Igreja comunidade de irmãos, aberta às alegrias e sofrimentos de toda a humanidade. Igreja firmada na Palavra de Deus, alimentada pela eucaristia. O concílio nos fala de Igreja onde todos são irmãos, onde três realidades são comuns a todos e uma nos diferencia.

 

As três realidades comuns a todos:

 

– Vocação à santidade: todos, na Igreja, somos chamados à santidade. O projeto radical de Jesus a nosso respeito é que sejamos santos. “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito”. Santidade que é graça de Deus, o Espírito Santo nos transformando, levando-nos à vida de oração, ao amor a Deus e ao próximo.

– Missão: é a segunda realidade comum a todos. Pelo batismo e pela crisma, somos feitos discípulos missionários de Jesus, a serviço da construção do reino de Deus.

– Dignidade: na Igreja, todos temos a mesma dignidade. Somos todos irmãos. Papa, bispos e padres não são mais dignos do que os leigos. Todos somos filhos e filhas de Deus.

Uma realidade nos diferencia na Igreja: os dons, carismas, vocações que o Espírito distribui a todos e a cada um. Ninguém recebe todos os dons, mas cada um recebe algum dom para pô-lo a serviço comum. O papa, os bispos e os padres são chamados a servir com as responsabilidades que lhes são próprias, em consonância com o dom recebido, e toda a Igreja reza de maneira especial por eles.

D. Angélico Sândalo Bernardino

Bispo emérito de Blimenau e membro do Instituto Jesus Sacerdote

 

 

 

 

  Desejamos uma boa semana de oração para você!

Liturgia da semana

Ano B

 

 

Domingo – 20 de maio de 2012

Marcos 16,15-20

Aleluia, aleluia, aleluia.
Ide ao mundo, ensinai aos povos todos; convosco estarei, todos os dias, até o fim dos tempos, diz Jesus (Mt 28,19s).

 

Comentário do Evangelho

 

O Evangelho de Marcos, em sua redação original, encerrava-se no versículo 8 do capítulo 16, com o encontro do túmulo vazio pelas mulheres. Os versículos 9 a 20, que o concluem, são um acréscimo tardio. A Igreja já estruturada teria julgado inconveniente a falta de narrativas das aparições do ressuscitado neste Evangelho. Foram, então, acrescentadas três narrativas, resumos das narrativas de aparições dos outros Evangelhos. A fala atribuída a Jesus, após as três aparições (v. 16), é no sentido de afirmar o poder excludente da Igreja, na qual a profissão de fé seguida do batismo já estava consagrada como caminho único e absoluto da salvação. Também ficam afirmados poderes excepcionais conferidos ao crente, o que contraria a simplicidade da fé a ser vivida no dia-a-dia pelos comuns dos mortais. Hoje se compreende que a prática missionária não é condenatória nem marcada por ações espetaculares. A missão é o testemunho do amor misericordioso e o reconhecimento, a valorização e o cultivo dos sinais de vida encontrados nos diversos povos e culturas. A subida aos céus está associada à narrativa de Lucas em seu Evangelho e mais desenvolvida nos Atos dos Apóstolos (primeira leitura). A exaltação do ressuscitado, retirado da terra e glorificado no céu (cf. segunda leitura), foi resultado da influência do messianismo escatológico davídico, presente nas mentes dos discípulos de origem judaica. Hoje, a fé na presença de Jesus vivo nas comunidades nos move ao alegre empenho em construir um mundo novo, solidário e fraterno, com união em torno do projeto de vida plena para todos, sem restrições.

Oração

Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso filho, já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Segunda-feira,  21 de maio de 2012

João 16,29-33

Aleluia, aleluia, aleluia.
Se com Cristo ressurgistes, procurai o que é do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus Pai (Cl 3,1).

 

 

Comentário do Evangelho

O Evangelho de João, com as palavras de Jesus, nos assegura que, embora volte para o Pai, ele continua presente entre nós. O diálogo com Jesus tem uma dimensão dialética, com a afirmação dos contrários. Quando Jesus afirma que “vem a hora em que não mais vos falarei em figuras, mas vos falarei claramente do Pai”, os discípulos, satisfeitos, dizem ver que ele conhece tudo, até as perguntas que lhe querem fazer, e declaram acreditar que ele saiu de junto de Deus. É uma afirmação um tanto quanto precipitada. Jesus a contesta logo, com a previsão do seu abandono pelos discípulos, que, neste momento, professam tanta crença nele. Jesus afirma sua unidade com o Pai e que tudo foi dito por ele para que os discípulos tenham paz. Em um mundo que provoca aflições, deverá prevalecer a coragem dos discípulos, pois Jesus venceu o mundo. No mundo sob controle dos poderosos donos do dinheiro e das armas, os povos vivem a angústia da exclusão, da insegurança e da violência sob variadas formas. Porém, neste contexto, é vivida a paz e a alegria entre aqueles que permanecem em Jesus, vitorioso do mundo pelo amor.

Oração

Nós vos pedimos, ó Deus, que venha a nós a força do Espírito Santo, para que realizemos fielmente a vossa vontade e a manifestemos por uma vida santa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Terça –feira,  22 de maio de 2012

João 17,1-11

Aleluia, aleluia, aleluia.
Rogarei ao meu Pai e ele há de enviar-vos um outro paráclito, que há de permanecer eternamente convosco (Jo 14,16).

 

Comentário do Evangelho

O capítulo 17 do Evangelho de João contém a bela oração da unidade, de Jesus ao Pai, concluindo o longo diálogo com os discípulos após a última ceia. A glória do Pai, na terra, foi a realização da obra de Jesus, comunicando vida eterna aos discípulos que acolheram e guardaram a palavra do Pai e creram que Jesus é o seu enviado. Jesus roga pelos discípulos que não têm mais a presença dele no mundo. E é glorificado naqueles que testemunham o amor e dão continuidade à missão libertadora e vivificante que glorifica o Pai.

Oração

Ó Deus de poder e misericórdia, fazei que o Espírito Santo, vindo habitar em nossos corações, nos torne um templo da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Quarta-feira, 23 de maio de 2012

João 17,11-19

Aleluia, aleluia, aleluia.
Vossa palavra é a verdade; santificai-nos na verdade! (Jo 17,17)

 

Comentário do Evangelho

Em sua oração pela unidade, em conclusão à despedida após a ceia, Jesus pede ao Pai que guarde os discípulos. A fragilidade humana, diante dos problemas deste mundo, necessita da presença confortadora de Deus. E em Jesus, esta presença se realiza. O “mundo” é mencionado um grande número de vezes (91) no Evangelho de João, concentrando-se nas palavras finais de despedida. E também é citado na abertura do Evangelho (1,9-10) e nas suas últimas palavras (21,25). O mundo é o lugar da manifestação de Jesus. Os discípulos foram escolhidos no mundo, foram libertos do mundo, mas devem aí permanecer para comunicar a vida. O mundo está aprisionado pelo seu chefe. Os discípulos são enviados ao mundo para libertá-lo pelo anúncio da verdade e pela prática do amor que comunica a vida, que dura para sempre.

Oração

Ó Deus misericordioso, concedei que a vossa Igreja, reunida no Espírito Santo, se consagre ao vosso serviço num só coração e numa só alma. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Quinta-feira, 24 de maio de 2012

João 17,20-26

Aleluia, aleluia, aleluia.
Para que todos sejam um, diz o Senhor, como tu estás em mim e eu em ti, para que o mundo possa crer que me enviaste (Jo 17,21).

 

Comentário do Evangelho

Com esta oração, Jesus expressa seu profundo desejo de unidade. É a unidade na comunhão de vida plena com todos os amados por Deus. Jesus, ao declarar a bem-aventurança dos pobres, ao repudiar o apego ao dinheiro e a opressão civil ou religiosa, indica o caminho desta unidade. No mundo cativo das ambições do poder e do dinheiro, instaura-se a injustiça que privilegia minorias e exclui maiorias. A criação de Deus passa a ser propriedade privada de alguns. Os ricos tomam para si os meios que sustentam a vida, relegando os pobres à privação e à morte; e submete-os a produzirem para eles e se apropriam de seus bens. A união ecumênica dos discípulos de Jesus far-se-á na luta pela remoção da barreira que separa os ricos dos pobres. A meta é a comunhão plena de amor, em que o amor do Pai e do próprio Jesus esteja em todos.

Oração

Nós vos pedimos, ó Deus, que o vosso Espírito nos transforme com a força dos seus dons, dando-nos um coração capaz de agradar-vos e de aceitar a vossa vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Sexta-feira, 25 de maio de 2012

João 21,15-19

Aleluia, aleluia, aleluia.
O Espírito Santo, o paráclito, haverá de lembrar-vos de tudo o que tenho falado (Jo 14,26).

 

Comentário do Evangelho

A tradição conservou a memória de Pedro como um homem simples, impulsivo e frágil, com o qual, de certo modo, todos nós podemos nos identificar. Em Pedro tipifica-se o choque entre o desejo de fidelidade a Jesus, por um lado, e a ideologia tradicional com a concepção messiânica de poder, contrária à proposta de Jesus. Isto acontecia com os discípulos em geral. O autor do Evangelho tem o cuidado de superar a tradição da tríplice negação de Pedro, registrando a tríplice afirmação de sua fidelidade a Jesus e o seu martírio. Afirma-se, assim, a sua preeminência no cuidado das ovelhas. Seguir Jesus significa renunciar ao desejo de poder e comprometer-se com ele em sua missão amorosa e libertadora, no resgate da vida ameaçada neste mundo.

 

Oração

Ó Deus, pela glorificação de Cristo e pela iluminação do Espírito Santo, abristes para nós as portas da vida eterna. Fazei que, participando de tão grandes bens, nos tornemos mais dedicados ao vosso serviço e cresçamos constantemente na fé. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

Sábado, 26 de maio de 2012

João 21,20-25

Eu hei de enviar-vos o Espírito da verdade; ele vos conduzirá a toda a verdade (Jo 16,7.13)

 

Comentário do Evangelho

Nesta conclusão do Evangelho, o autor, que se identifica com “o discípulo que Jesus mais amava”, após a afirmação da primazia de Pedro, reafirma o dom da vida eterna a este discípulo com a “permanência” após a morte. O texto faz uma clara distinção entre o “morrer” e o “permanecer”. A morte é passageira, porém a permanência no amor, em Jesus e no Pai, é eterna. Para fortalecimento da fé dos leitores, o autor garante que é testemunha de todas as coisas narradas. E encerra com um gracioso exagero retórico helenístico, asseverando que Jesus fez ainda muitas outras coisas que não estão escritas. A tradição identificou este discípulo com João, irmão de Tiago e filho de Zebedeu. Contudo, pode-se pensar que este Evangelho tenha sido elaborado em uma comunidade de discípulos deste João.

 

Oração

Ó Deus, que não cessais de elevar à glória da santidade os vossos servos fiéis e prudentes, conce3dei que nos inflame o fogo do Espírito Santo que ardia no coração de são Filipe Néri. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

 

 

O comentário litúrgico é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE.

Fonte: Dom Total



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