A Voz do Pastor – out 2018

Publicado em 01/10/2018 | Categoria: A Voz do Pastor Notícias |


A carta de Deus

 

Amados irmãos e irmãs,
No mês de outubro dirigimos toda a atenção para o cerne da vida da Igreja: anunciar Jesus Cristo. É a Missão que alicerça o presente e desvenda o futuro da Igreja. Sua razão de ser se encontra com o seu propósito, seu propósito repousa na sua razão de ser.

Não há como falar nas missões sem focar naqueles a quem não foi anunciada a Luz de Cristo. Mas esses não estão do outro lado do mundo, não se encontram em nenhuma ilha exótica do Pacífico, não se vestem de penas nem dançam ao redor de algum fogo bárbaro. Não! Eles estão ao seu lado, provavelmente, à mesa com você no momento em que você ler esse texto. Aqueles que não foram banhados na Luz de Cristo, provavelmente, vestem terno-e-gravata e frequentam as praias de shorts e tênis importado.

É ao homem moderno, em seu sutil ateísmo, que é urgente anunciar essa Luz. Anunciar pode ser também lembrar e relembrar. O homem moderno é mais esquecido do que gostaria de assumir. A modernidade o preencheu de tanto, que ele se esqueceu do tudo. Ele se esqueceu de si.

O sutil ateísmo moderno é a possibilidade que o homem anda inventando para encontrar razões em meio ao esquecimento. O problema é que, dessa forma, ele apenas esquece ainda mais: esquece o que é e o que pode se tornar, de onde veio e para onde ruma sua nave perdida. O sutil ateísmo moderno roubou o homem dele mesmo. Não há dúvida que tudo ficou mais pobre. Viver o espírito missionário – anunciar a Luz de Cristo – é a única forma de devolver o homem a si mesmo e ao território do espírito, de onde ele jamais deveria ter se exilado.

Mas por que ele se exilou? É simples. Ele se exilou do território do espírito porque ele é livre, e canta a melodia do livre-arbítrio como se fosse a única que conhecesse. Como aquelas músicas que, às vezes, se fixam em nossa cabeça, obsessivamente, até quando não gostamos delas.

O homem é livre, sempre foi, sempre será. Negar isso é negar a essência do homem.

O livre-arbítrio, embora possibilite o exercício do mal, é a única coisa que torna possível todo o amor, toda a bondade, toda a alegria. Um mundo de autômatos, de homens funcionando feito máquinas, dificilmente valeria a pena ser criado. A felicidade que Deus pensou para suas criaturas mais desejadas é a felicidade de estar em união com ele e com todas as outras criaturas. Voluntariamente. Sem isso, não são livres. Para isso, precisam ser livres.

Deus sabia o que iria acontecer com a experiência do livre-arbítrio. Mesmo assim, achou que valia a pena arriscar. Muita gente se sente inclinada a discordar do raciocínio de Deus, mesmo sabendo que não poderíamos estar certos e ele, errado, como se um riacho pudesse correr contra sua própria nascente.

O fato é que Deus preferiu um mundo livre, onde as criaturas podem fazer o bem ou causar danos. Deus preferiu um mundo livre a um mundo de marionetes mexidas por um puxão de cordas, onde ele jamais poderia experimentar a força livre do nosso amor por ele.

Mas o mundo se corrompeu, e a força livre do amor perdeu seu caráter de liberdade e de força. Só há força na liberdade.

O mundo se corrompeu. O Livro do Gênesis narra, em tonalidades de poesia, o que aconteceu à nossa natureza em decorrência da queda. O que nossos ancestrais quiseram foi, justamente, ser livres, muitos mais livres, ser “como deuses”, conhecedores dos mistérios da existência. Mas quiseram tudo isso por si só e contando com a própria solidão. Como se pudessem se estruturar por si mesmos, como se tivessem se criado a si mesmos, sido seus próprios mestres, inventado sua própria ébria felicidade fora de Deus.

Dessa tentativa desesperada, composta de extravagância e ridículo, adveio tudo o que chamamos de História humana – dinheiro, pobreza, ambição, glória, guerra, classes, impérios e escravidão. E alguma pífia alegria, quase envergonhada, vivida aqui e ali, entre sombras, sobras e dores. Tem sido essa a longa carreira do homem tentando encontrar felicidade à parte de Deus.

A essa longa carreira de infortúnios o homem chamou de livre-arbítrio. E não teria como ser diferente ou ele não seria homem. É nesse mundo livre que Deus quer amado. É a esse mundo, dito, livre que é preciso anunciar a liberdade de Cristo.

Livre-arbítrio não é fazer o que se quer, mas escolher o que se quer. Não haverá certeza da liberdade de escolha enquanto não for escolhida uma luz para iluminar essa certeza. A Luz do Mistério de Cristo é a luz forte que pode iluminar nossas escolhas, nossas certezas e nosso ser.

O Mês Missionário está às portas com todas as chaves para abrir todas as portas.

O que deveríamos anunciar?

Deveríamos não ter medo de anunciar que Deus nos criou para funcionar à base dele mesmo. Ele é o combustível que nossos espíritos foram criados para queimar, o alimento do qual nossos espíritos podem se alimentar. Não há outro. Não adianta pedir a Deus para nos fazer felizes do nosso jeito, independente dele. Ele não pode nos dar paz à parte de si mesmo, porque a paz não se encontra aí. Não existe tal coisa.

Essa é a chave para entender a grande História humana e, também, nossa minúscula história pessoal. Uma energia extraordinária foi dispendida, civilizações e instituições maravilhosas foram criadas. Mas sempre despencam. Sempre um desastre qualquer faz pessoas egoístas subirem ao poder, e tudo se corrompe, tudo se torna miséria e ruína. É como um carro que anda alguns quilômetros e o motor funde por estar funcionando com combustível errado do jeito errado.

O jeito de Deus é o jeito de Cristo. O combustível de Deus é o Espírito de Cristo. Não podemos temer anunciar isso. O anúncio do cerne mantém a saúde do tronco. A medula da vida da Igreja é o anúncio de Cristo: o jeito de ser de Deus.

Neste Mês Missionário, você pode ser missionário junto daqueles de terno-e-gravata que dividem o espaço com você. Sorria, mas um sorriso diferente. Não se queixe tanto da vida, não mais que o necessário. Viva intensamente cada momento e cumpra seus deveres com gentileza. Vote consciente. E jamais se esqueça do amor.

Nós somos a carta de Deus para o mundo. Nosso primeiro dever é o de não dificultar a leitura.

Maria, Mãe e Missionária, nos ajudará a sair de casa e ir ao encontro de Isabel e de todos, escondidos nas montanhas da indiferença, do erro e do ateísmo prático do mundo moderno.

+ Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Metropolitano de Niterói

 

Fonte: Arquidiocese de Niterói



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