A comida como direito humano em risco

Publicado em 27/04/2012 | Categoria: Notícias |


“Como assegurar comida para toda esta população”

830 milhões de pessoas sofrem de fome no mundo. A previsão é de que a população mundial continue aumentando nas próximas décadas, atingindo a cifra de 9 bilhões em 2050. Isto é um problema importante. Como assegurar comida para toda esta população no futuro? A mudança no sistema de produção mundial de alimentos é importante não só para os seres humanos senão que também para o meio ambiente. Sob a pressão crescente da mudança climática, é uma questão crucial manter a alimentação da população de uma maneira sustentável.

Para discutir este tema, a ONG Compassion in World Farming em colaboração com a FAO (Organização para a Agricultura e a Alimentação) das Nações Unidas organizou em Bruxelas uma conferência internacional. Em 20 de março estiveram presentes diplomatas, políticos e membros do parlamento europeu para discutir o tema a respeito de “Garantir uma alimentação correta e uma agricultura ecológica para o futuro”.


Reduzir o consumo de carne


Uma das propostas para assegurar o fornecimento de alimentos no futuro é reduzir o consumo de carne. Nos últimos anos, o consumo de carne aumentou em todo mundo, inclusive nos países em que há pouco tempo era considerado um luxo. Produzir um quilo de carne (dependendo do tipo de carne) precisa aproximadamente de 16 quilos de grãos.

Neste contexto, Compassion in World Farming descreve em seu relatório “Consumindo o Planeta”, que a redução do consumo mundial de carne poderia liberar um milhão de quilômetros quadrados de terras de cultivo. Também significaria menores emissões de gases de efeito estufa. A redução de consumo de carne é ao mesmo tempo benéfica para o meio ambiente e uma medida de justiça social.

De maneira similar há uma necessidade de sensibilizar a população a respeito do problema da comida. Um terço da comida mundial termina sendo desperdiçado, diz a FAO das Nações Unidas, ascendendo a quase 1,3 milhões de toneladas por ano. Portanto os recursos destinados à produção de alimentos acabam sendo desperdiçados.

A segunda perspectiva a respeito da crise de alimentos é que, sob a perspectiva das pessoas em situação de pobreza, a segurança alimentícia se transformou num problema muito importante. A produção de comida precisa poder satisfazer a demanda de um aumento constante da população.

O relator especial das Nações Unidas para a defesa do direito aos alimentos, Olivier De Schutter, argumenta que os três elementos principais do “direito à alimentação” são disponibilidade, acessibilidade e idoneidade. Isto significa que as pessoas deveriam ter a oportunidade de cultivar seus próprios alimentos, e que os alimentos básicos deveriam estar ao alcance de todos, e uma última condição essencial seria que os alimentos deveriam estar isentos de qualquer substância nociva. O direito universal à alimentação está ameaçado pelo uso excessivo dos produtos animais dos países ricos.

A conferência concluiu que o desenvolvimento da crise alimentícia, em um prazo mais longo, será um problema que afetará tanto os mais pobres do mundo assim como o meio ambiente, implicando uma obrigação das economias desenvolvidas de reduzir o consumo de produtos animais. Neste assunto está claro que nenhum país reconheceu este objetivo como uma política prioritária.

Autor: Jessica Nitschke


Fonte: Mirada Global



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