210 mil pessoas em Defesa da Liberdade Religiosa

Publicado em 18/09/2012 | Categoria: Notícias |


Na manhã do último domingo, 16 de setembro, aproximadamente 210 mil pessoas de diversas religiões e etnias participaram da “Quinta Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa”, na Praia de Copacabana. Promovido pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o evento contou com a participação de representantes e fieis de diferentes credos, dentre eles: umbandistas, católicos, candomblecistas, hare Krisnas, evangélicos, muçulmanos, malês, bahá’í, ciganos, kardecistas, wiccanos e agnósticos de diversas instituições e segmentos que compartilham a fé pelo fim da intolerância religiosa.

Animados por trios elétricos, os participantes – vestidos com os trajes de cada grupo religioso ali representado –, mostraram com cartazes e cânticos um exemplo de convivência pacífica. Para o Coordenador da Comissão Arquidiocesana de Ecumenismo e Diálogo Interreligioso, Padre Fábio Luiz de Souza – que levou para o encontro uma saudação e uma mensagem especial de apoio da Arquidiocese e do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, o encontro foi uma ocasião para que haja mais respeito pelas diversas crenças.

— A Arquidiocese do Rio participa desta caminhada para manifestar que nós desejamos o livre exercício de religião, de credo, para qualquer segmento religioso, sem nenhum tipo de perseguição e preconceito, para que nós possamos exercer a nossa fé de forma livre e assim, cada um na sua tradição, cada um na sua religião, possa adorar ao Deus único. Que nesta caminhada possamos mostrar que a sociedade deseja esta liberdade de religião. Podemos e devemos lutar pelo fim da intolerância religiosa, para que nenhum segmento religioso seja perseguido, seja discriminado no exercício de sua fé e assim, todos nós, como iguais em dignidade, iguais em valor, possamos olhar para o céu e encontrar lá o nosso único criador, disse Padre Fábio.

Cada vez mais próximos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013), um dos destaques foi a participação de diversos jovens das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da Pastoral da Juventude (PJ) e da Pastoral Afro durante a caminhada. Além disso, membros de diversas pastorais das paróquias do Rio e de representantes da Comissão de Ecumenismo e Diálogo Interreligioso da Arquidiocese, da Federação Israelita, da Sociedade Beneficente Muçulmana, do Colégio Santo Inácio e do Site Amai-vos (amaivos.com.br), que trabalham pelo ecumenismo e pelo diálogo interreligioso, para que se crie no mundo, em especial no Brasil, uma cultura de tolerância e de paz entre a juventude de todas as religiões, também participaram do evento.

— É a primeira vez eu que participo desta caminhada em defesa da liberdade religiosa, e a Igreja Católica tem um posicionamento muito firme com relação a isso porque realmente nós temos que estar abertos ao diálogo e verdadeiramente respeitar uns aos outros, pois só assim conseguiremos crescer e lutar pelos direitos humanos, pelos direitos da vida. Com o respeito mútuo entre as religiões, nós conseguiremos fazer coisas grandes. E o nosso Deus é o Deus da vida. Logo, devemos, sim, nos respeitar e dialogar buscando sempre fazer algo em prol da sociedade, ressaltou o Coordenador do Vicariato Suburbano da Pastoral da Juventude (PJ), Leandro Mello.

A Ministra de Estado Chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, também participou do evento e destacou que, mais do que uma iniciativa contra a intolerância religiosa, a caminhada é uma grande manifestação em favor da democracia.

— É uma alegria muito grande estar presente aqui e fazer parte desta caminhada, que representa uma manifestação legítima do povo do Rio de Janeiro, dos diversos setores da sociedade carioca e brasileira, contra a intolerância religiosa. Mais do que contra a intolerância, essa é uma grande manifestação em favor do respeito, em favor da democracia e é extremamente importante que esse grito de afirmação democrática parta das lideranças religiosas. Parabenizo todos que participam desta caminhada por um Brasil plural, por um Brasil democrático, afirmou.

Outro destaque da “5ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa” foi a presença da Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), que desfilou com a ala Elos da Diversidade, do programa Ambiente em Ação. Realizado em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e com lideranças religiosas. O Programa defende a criação de espaços sagrados em áreas protegidas, para preservar tanto os recursos naturais quanto as práticas culturais a eles associados.

A caminhada é anualmente organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) desde 2008, quando religiosos de matrizes africanas foram expulsos de uma comunidade na Ilha do Governador por traficantes convertidos a segmentos neopentecostais dentro de presídios. Foram 20 mil pessoas na primeira caminhada, 80 mil no ano seguinte, 120 mil na terceira marcha e 180 mil no ano passado.

— Este foi um ano muito difícil, mas lá em cima tem uma pessoa que quando determina uma coisa, nada vai impedir que ela aconteça. Esta caminhada teve muitas dificuldades, mas o mais bonito é perceber que os participantes acreditam nesta ideia, creem nesta causa, se mobilizam nos seus estados, municípios, bairros e participam. Cada uma desses representantes e fiéis das diversas instituições e segmentos estão de parabéns, porque a defesa desse diálogo entre as religiões é fundamental e importante para a sociedade brasileira. Esta é uma prova muito clara da sociedade que nós queremos construir. Nós não perseguimos ninguém, nós acolhemos a todos, inclusive os que não têm religião. Esta caminhada é a expressão da força de cada um dos participantes e daquilo que cada um acredita, falou o babalawo Ivanir dos Santos.

O Arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, destaca que a Igreja Católica tem, desde o Concílio Vaticano II, a tradição do ecumenismo e do diálogo interreligioso. Para ele é preciso a convivência de todos e o respeito às diferenças para alcançar a paz.

— No Concílio Vaticano II teve um decreto sobre a dignidade humana, que falava da liberdade religiosa. Esta caminhada é um ato concreto disso, anunciando ao mundo que é possível fraternidade e respeito um ao outro, disse Dom Orani em entrevista ao Portal da Arquidiocese do Rio de Janeiro em 2010.

* Fotos: Comunicação Pastoral da Juventude (COMPJ)

Fonte: Arquidiocese do Rio de Janeiro



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