Odetinha: serva humilde e caridosa

Publicado em 16/01/2013 | Categoria: Notícias |


A partir do dia 18 de janeiro de 2013 — quando será iniciado o processo canônico de Odette Vidal de Oliveira — “Odetinha” já poderá ser chamada de “Serva de Deus”. A menina nascida em Madureira que morreu de meningite aos nove anos, ganhou destaque na grande empresa no último mês, mas já era reconhecida por inúmeros fiéis que a ela atribuem numerosos milagres.

Dona de uma fé viva e confiança inabalável no Senhor, Odetinha rezava o terço diariamente e ia à missa desde muito pequena. Seu exemplo inspira os católicos pelo testemunho de simplicidade e humildade. O túmulo de Odette Vidal de Oliveira é um dos mais visitados do cemitério São João Batista, onde os fiéis deixam flores e placas em agradecimento pelas graças obtidas através de sua intercessão. Recentemente o corpo da menina foi exumado e seus restos mortais poderão ser visitados na Basílica da Imaculada Conceição, em Botafogo. Quem teve a oportunidade de conhecer a família Vital de Oliveira afirma que a profunda caridade para com os pobres era uma característica presente na menina:

— Odetinha vestia seu aventalzinho e ia com a mãe dela, Alice, para a porta de casa dar comida aos pobres todo o sábado. Certa vez uma pessoa chegou atrasa e, como não tinha mais prato fundo de comida, apenas pratos rasos, ele então cuspiu na dona Alice. Imediatamente Odetinha veio correndo e falando ‘mãezinha não fique triste com ele, ele está apenas com fome’. Então através disso a gente percebe o quanto Odetinha era uma menina especial, uma pessoa muito piedosa, afirmou o aposentado David Azoubel, afilhado de Alice Vidal de Oliveira.

Guardião de vários objetos pessoais de Odetinha, David fala com emoção sobre a criança. ‘E não é para eu ter emoção de ver a vida dessa criatura?’ questionou ele durante a entrevista. David vem participando ativamente dos processos relacionados à Odetinha, cedendo materiais e colhendo depoimentos. Atual voluntário do Banco da Providência, David citou o testemunho de uma pessoa que teria tido uma graça alcançada por intercessão de Odetinha.

— Conheço muitas pessoas que tiveram milagres alcançados por intercessão da Odetinha. Temos uma aqui mesmo no Banco da Providência, uma artesã. Ela curou o câncer da filha por intercessão da Odetinha, disse.

A família Vidal de Oliveira era uma família de classe média alta. Odetinha estudou no colégio Sion, tradicional colégio do Rio de Janeiro e fez sua primeira comunhão no Colégio São Marcelo, da Paróquia Imaculada Conceição. A mãe, Alice, chegou a ser Condessa Pontifícia e o pai adotivo de Odetinha, Francisco Oliveira — o biológico morreu de tuberculose — era dono de um frigorífico. Mas, segundo David, a favorável condição social nunca fez de Odetinha uma criança soberba:

— Muitas vezes quando ela ia de carro para a escola, Odetinha pedia para que o motorista a deixasse um pouco antes do colégio e quando iam buscá-la, ela não dizia que era um motorista, falava que era um amigo da família que daria carona a ela e oferecia para as amigas irem junto também. O nosso mal é a vaidade, nós queremos aparecer. E Odetinha não era assim, testemunhou.

Odetinha morreu em 25 de novembro de 1939 tendo entregue serenamente a sua alma à Deus. Muito religiosa Odetinha manteve uma relação intensa com a oração até mesmo em seus últimos momentos, quando, após receber a sagrada comunhão dizia “Meu Jesus, meu amor, minha vida, meu tudo”. Hoje, 74 anos depois, os devotos da menina marcam presença também nas missas celebradas em sua intenção, todo primeiro sábado do mês na capela do cemitério:

— E sabe o que mais me emociona? Às vezes estou no ônibus e vejo uma pessoa fazendo o sinal da cruz quando o ônibus passa por alguma igreja eu falo: ‘Com licença, você conhece a Odetinha?’. E muitos são os que já ouviram falar dela, contou.

David fez questão de ressaltar o empenho do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta no processo de beatificação da menina, assim como o apoio do Bispo Auxiliar, Dom Nelson Francelino que, segundo David Azoubel, foi um dos responsáveis pelo pontapé inicial em toda a movimentação acerca de Odetinha.
Atualmente muitas obras iniciadas por Odetinha e sua família ainda tem continuação. A casa onde Alice Vidal morou em Laranjeiras, por exemplo, atualmente chama-se Lar São José e dá apoio a meninas carentes. Em Nova Iguaçu, cidade onde a família de Odetinha também desenvolveu algumas obras, situa-se o ambulatório médico que leva o nome da menina.

Sobre as expectativas para a abertura do processo de beatificação de Odetinha, David responde com um agradecimento à menina:

— Eu só tenho a agradecer ao nosso Senhor. E o que eu queria dizer é: Odetinha, obrigado por eu ter participado da rica vida que você teve fazendo Deus sorrir, concluiu.

As etapas de um processo de canonização

Antigamente, somente o Papa podia promover uma causa de canonização, mas hoje em dia, os bispos têm autoridade para isso. Portanto em qualquer diocese do mundo pode-se iniciar uma causa de canonização.

Para cada causa é escolhido pelo bispo um postulador, espécie de advogado, que tem a tarefa de investigar detalhadamente a vida do candidato para conhecer sua fama de santidade.
Quando a causa é iniciada, o candidato recebe o título de Servo de Deus. O primeiro processo é o das virtudes ou martírio. Esse é o passo mais demorado porque o postulador deve investigar minuciosamente a vida do Servo de Deus. Em se tratando de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte para comprovar se houve realmente o martírio. Ao terminar este processo, a pessoa é considerada Venerável.

O segundo processo é o milagre da beatificação. Para se tornar beato é necessário comprovar um milagre ocorrido por sua intercessão. No caso dos mártires, não é necessária a comprovação de milagre.

O terceiro e último processo é o milagre para a canonização, que tem que ter ocorrido após a beatificação. Comprovado esse milagre, o beato é canonizado e o novo Santo passa a ser cultuado mundialmente.

Oração

Ó querido Jesus, que escolhestes as criancinhas, curando-as e as abençoando, demonstrando particular predileção por elas, que Vos louvam com um louvor perfeito e revelando, assim, o Reino de Deus aos menos favorecidos da sociedade, aos simples e aos humildes.

Olhai com carinho nosso pedido, pelos méritos infinitos de Vosso Santíssimo Coração e do Coração Imaculado da Santíssima Virgem que, se for para a Vossa maior Glória e bem de nossas almas, Vos digneis glorificar, diante de toda a Igreja, a menina Odete Vidal de Oliveira (Odetinha), lírio de pureza e caridade da Igreja Particular de São Sebastião do Rio de Janeiro e exemplo de vida para o povo de Deus.

Unidos em Comunhão eucarística e guiados pela doçura do Espírito Santo, concedei-nos, por sua intercessão, a graça que Vos pedimos. Amém.

* Fotos: Arquivo

Fonte: Arquidiocese do RJ



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